A Estimulação Cerebral Profunda (DBS – Deep Brain Stimulation) é uma técnica neurocirúrgica moderna e eficaz indicada para o tratamento de distúrbios do movimento, especialmente em pacientes com Doença de Parkinson em estágios moderados a avançados que não respondem mais adequadamente às medicações.

A Doença de Parkinson é uma condição neurodegenerativa progressiva que afeta os núcleos da base do cérebro, comprometendo o controle motor. O DBS oferece melhora significativa dos sintomas motores, além de permitir redução da carga medicamentosa em muitos casos.

Indicações do DBS na Doença de Parkinson

O paciente ideal para o DBS é aquele que:

• Tem diagnóstico confirmado de Parkinson idiopático;
• Apresenta boa resposta prévia à levodopa, mas com efeitos colaterais importantes (discinesias, flutuações motoras);
• Sofre com períodos OFF incapacitantes, tremores resistentes e instabilidade da marcha;
• Não apresenta demência moderada a grave ou distúrbios psiquiátricos descompensados;

Como funciona o DBS

O procedimento consiste na colocação de eletrodos finos em regiões profundas do cérebro — normalmente no núcleo subtalâmico (STN) ou no globo pálido interno (GPi) —, áreas envolvidas no controle do movimento.

Esses eletrodos são conectados a um gerador de pulsos elétricos (neuroestimulador), implantado sob a pele na região peitoral. O aparelho envia impulsos elétricos constantes que modulam os circuitos neurais disfuncionais, diminuindo os sintomas motores da doença.

Etapas do procedimento

1. Avaliação multidisciplinar completa: neurologista e neurocirurgião
2. Planejamento com exames de imagem de alta resolução (ressonância magnética, tomografia fusionada);
3. Implante dos eletrodos cerebrais com anestesia local ou sedação leve, por meio de estereotaxia, e testes clínicos intraoperatórios;
4. Implante do gerador (neuroestimulador) no tórax, sob anestesia geral;
5. Programação pós-operatória dos parâmetros do DBS (voltagem, frequência) e ajustes individualizados conforme os sintomas do paciente.

Resultados esperados

Após o DBS, os principais benefícios incluem:

• Redução da rigidez e da lentidão dos movimentos (bradicinesia);
• Diminuição dos tremores, inclusive tremor de repouso refratário;
• Menor ocorrência de discinesias induzidas por levodopa;
• Redução dos períodos OFF;
• Melhora funcional e autonomia;
• Melhora na qualidade de vida e no bem-estar emocional.

É importante frisar que o DBS não atua sobre os sintomas não motores, como alterações cognitivas, depressão, distúrbios do sono ou da fala, embora a melhora motora muitas vezes traga impactos positivos indiretos.

Quando considerar o DBS?

A indicação do DBS deve ser considerada antes que o paciente atinja fases muito avançadas da doença, quando os benefícios já não compensam os riscos. O ideal é realizar o procedimento quando ainda há boa reserva funcional e o paciente apresenta impacto importante dos sintomas motores na qualidade de vida.

Outras indicações além do Parkinson

Embora a principal indicação do DBS seja a Doença de Parkinson, a técnica também é utilizada no tratamento de:

• Tremor essencial;
• Distonia generalizada;
• TOC refratário (em protocolos específicos);

A Estimulação Cerebral Profunda é um recurso terapêutico avançado e altamente eficaz para pacientes com Parkinson que já não respondem bem aos medicamentos. Com avaliação adequada, técnica refinada e seguimento contínuo, o DBS proporciona controle duradouro dos sintomas motores, com melhora funcional e impacto positivo na autonomia e qualidade de vida.