➤ O que é?
O schwannoma vestibular é um tumor benigno e de crescimento lento que se origina das células de Schwann, responsáveis por recobrir os nervos periféricos. No caso desse tumor, a origem costuma ser no ramo vestibular do nervo vestibulococlear (VIII par craniano), que participa da audição e do equilíbrio.
Também conhecido como neurinoma do acústico, esse tumor representa cerca de 6 a 8% dos tumores intracranianos e 80% dos tumores do ângulo ponto-cerebelar, local onde ele se desenvolve com mais frequência.
➤ Anatomia e localização
O nervo vestibulococlear atravessa o conduto auditivo interno, ao lado do nervo facial (VII par craniano). O schwannoma surge nesse canal e pode se expandir em direção ao ângulo ponto-cerebelar, uma área crítica que envolve:
- O tronco cerebral (ponte e bulbo);
- Os nervos cranianos VII, VIII, IX, X;
- Vasos importantes (como a artéria cerebelar inferior anterior).
O crescimento tumoral pode comprimir essas estruturas, levando a sintomas auditivos, vestibulares e neurológicos.
➤ Fisiopatologia
O schwannoma vestibular cresce lentamente a partir da proliferação anormal de células de Schwann do nervo vestibular. À medida que aumenta de volume, ele:
- Comprime o nervo coclear → perda auditiva unilateral progressiva;
- Acomete o nervo vestibular → desequilíbrio, tontura;
- Pressiona o nervo facial → fraqueza facial ou espasmos;
- Alcança o tronco cerebral → em tumores grandes, pode causar hidrocefalia e risco de vida.
➤ Sintomas clínicos
O quadro é geralmente unilateral e insidioso (de instalação lenta), o que pode levar a atraso no diagnóstico.
Sintomas mais frequentes:
- Zumbido unilateral persistente (acúfeno);
- Perda auditiva progressiva em um dos ouvidos (sensorioneural);
- Desequilíbrio ao caminhar, mais comum do que vertigem rotatória;
- Sensação de pressão ou plenitude auricular.
Em casos maiores:
- Paralisia ou espasmos faciais (por compressão do nervo facial);
- Alterações da sensibilidade facial (nervo trigêmeo);
- Ataxia, cefaleia, náuseas (compressão do cerebelo ou tronco);
- Hidrocefalia e aumento da pressão intracraniana, raramente.
➤ Diagnóstico
Audiometria:
- Mostra perda auditiva unilateral sensorioneural (não condutiva).
- Importante triagem em pacientes com queixa auditiva assimétrica
Ressonância magnética com contraste:
- Exame padrão-ouro;
- Mostra tumor localizado no conduto auditivo interno ou estendendo-se ao ângulo ponto-cerebelar;
- Realça intensamente com gadolínio.
➤ Tratamento
A escolha depende de:
- Tamanho do tumor;
- Sintomas;
- Idade e condição clínica do paciente;
- Expectativa de preservação auditiva.
- Observação clínica
- Em tumores pequenos (< 2 cm) e sem crescimento em exames sequenciais;
- Indicado principalmente em idosos ou pacientes com comorbidades.
- Radiocirurgia estereotáxica
- Alternativa não invasiva para tumores pequenos a médios;
- Alta taxa de controle tumoral;
- Baixo risco de complicações;
- Pode preservar audição e função facial.
- Cirurgia convencional
- Indicada em tumores maiores, sintomáticos ou em crescimento rápido;
- A abordagem pode ser:
○ Retrossigmóidea (preserva audição);
○ Translabiríntica (quando audição já está comprometida);
- Riscos: perda auditiva definitiva, paralisia facial, vertigem pós-operatória.
➤ Prognóstico
- É um tumor benigno, com crescimento geralmente lento;
- O controle é possível com qualquer das modalidades quando bem indicado;
- A preservação da função auditiva e facial depende do diagnóstico precoce e da conduta adequada;
- Após cirurgia, pacientes podem necessitar de reabilitação vestibular ou auditiva.