➤ O que são os tumores hipofisários?
Os tumores da hipófise, também chamados de adenomas hipofisários, são neoplasias benignas que se originam na glândula hipófise — uma pequena estrutura localizada na base do crânio, dentro da sela túrcica, logo abaixo do cérebro.
Apesar do tamanho pequeno (cerca de 1 cm), a hipófise é considerada a “glândula-mestra” do sistema endócrino por controlar várias outras glândulas do corpo, como tireoide, adrenais e ovários.
Os tumores hipofisários podem ser:
- Funcionais (secretantes): produzem hormônios em excesso;
- Não funcionais (não secretantes): não produzem hormônios, mas podem causar sintomas compressivos.
➤ Anatomia e localização
A hipófise está intimamente relacionada com o:
- Quiasma óptico (estrutura onde os nervos ópticos se cruzam);
- Seio cavernoso, que contém artérias e nervos importantes;
- Terceiro ventrículo e base do encéfalo.
O crescimento do tumor nessa região pode levar a compressão de estruturas adjacentes, especialmente o quiasma óptico, afetando a visão.
➤ Fisiopatologia
Os tumores hipofisários surgem a partir da proliferação anormal de células da adenohipófise. Dependendo do tipo celular afetado, o tumor pode produzir um ou mais hormônios.
Conforme crescem, esses tumores podem:
- Comprimir o quiasma óptico, causando alterações visuais;
- Invadir o seio cavernoso, afetando nervos cranianos;
- Obstruir o fluxo liquórico, raramente levando à hidrocefalia.
A compressão do quiasma óptico costuma provocar hemianopsia bitemporal, ou seja, perda do campo visual periférico em ambos os olhos.
➤ Sintomas principais
Os sintomas se dividem em dois grandes grupos: compressivos e hormonais.
Sintomas compressivos:
- Cefaleia crônica, geralmente na região frontal;
- Visão borrada ou turva;
- Perda de visão periférica bilateral (hemianopsia bitemporal);
- Redução da acuidade visual;
- Diplopia (visão dupla), quando há envolvimento de nervos oculomotores;
- Parestesias faciais, em casos avançados.
Sintomas hormonais:
Dependem do tipo de adenoma:
- Prolactinomas: galactorreia, amenorreia, infertilidade, disfunção erétil.
- Adenomas secretores de GH: acromegalia (crescimento das mãos, pés, mandíbula).
- Adenomas secretores de ACTH: síndrome de Cushing (obesidade central, fraqueza, hipertensão, diabetes).
- Hipopituitarismo: fadiga, queda de libido, perda de pelos, infertilidade.
➤ Diagnóstico
Exames de imagem:
- Ressonância magnética da sela túrcica com contraste é o exame de escolha.
○ Permite avaliar o tamanho, extensão, invasão de estruturas vizinhas e relação com o quiasma óptico.
Avaliação hormonal:
- Prolactina, GH, IGF-1, ACTH, cortisol, TSH, T4 livre, LH, FSH, testosterona ou estradiol.
Avaliação oftalmológica:
- Campimetria visual: identifica alterações no campo visual periférico;
- Exame do fundo de olho, acuidade visual e sensibilidade à luz.
➤ Classificação
- Microadenoma: tumor < 10 mm;
- Macroadenoma: tumor ≥ 10 mm;
- Gigante: tumor ≥ 40 mm.
Tumores maiores têm maior risco de compressão e sintomas visuais.
➤ Diagnóstico diferencial
- Craniofaringioma;
- Meningioma de região selar;
- Hipofisite linfocítica;
- Metástases para a região hipofisária;
- Aneurismas do seio cavernoso.
➤ Tratamento
A conduta varia conforme o tipo e comportamento do tumor:
- Medicamentos
- Primeira linha para prolactinomas: agonistas dopaminérgicos (cabergolina ou bromocriptina);
- Podem reduzir o tamanho do tumor e normalizar os níveis hormonais
- Cirurgia
○ Compressão do quiasma com perda visual;
○ Crescimento progressivo;
○ Tumores secretores resistentes a medicamentos;
○ Diagnóstico incerto.
- Técnica mais utilizada: via transesfenoidal endoscópica (acesso pelo nariz).
○ Baixa morbidade;
○ Rápida recuperação;
○ Preservação das funções neurológicas.
- Radioterapia
- Indicada em tumores agressivos, recorrentes ou irressecáveis a depender da resposta endocrinológica;
- Estereotáxica (ex: Gamma Knife).
➤ Prognóstico
- Em geral, os adenomas têm bom prognóstico quando tratados precocemente;
- A recuperação visual é possível quando há descompressão cirúrgica precoce;
- Tumores funcionantes podem exigir monitoramento hormonal vitalício;
- Tumores invasivos ou recidivantes exigem seguimento multidisciplinar com neurocirurgião, endocrinologista e oftalmologista.