Os **tumores de hipófise** são neoplasias que se originam na **glândula hipófise**, uma pequena estrutura localizada na base do cérebro, responsável por regular várias funções endócrinas através da produção e liberação de hormônios. Esses tumores podem ter comportamentos variados, sendo na maioria dos casos benignos, mas podendo causar sintomas clínicos significativos devido ao seu impacto na produção hormonal ou à compressão de estruturas adjacentes.
### Classificação dos Tumores de Hipófise
Os tumores hipofisários são classificados de diferentes maneiras, principalmente com base em dois critérios: o tamanho e a função hormonal.
1. **Classificação pelo Tamanho**:
– **Microadenomas**: Tumores menores que 1 cm de diâmetro. Frequentemente, eles são assintomáticos ou causam sintomas leves.
– **Macroadenomas**: Tumores maiores que 1 cm de diâmetro. Estes são mais propensos a causar sintomas compressivos devido ao seu tamanho, como cefaleia e defeitos visuais.
2. **Classificação Funcional** (baseada na produção hormonal):
– **Tumores Funcionantes**: Produzem hormônios em excesso, levando a síndromes clínicas específicas. Estes são os mais comuns e incluem:
– **Prolactinomas**: Tumores que secretam prolactina, causando hiperprolactinemia. É o tipo mais comum de tumor de hipófise.
– **Adenomas produtores de GH** (hormônio do crescimento): Causam **acromegalia** em adultos e **gigantismo** em crianças.
– **Adenomas produtores de ACTH**: Estimulam a produção excessiva de cortisol pelas glândulas adrenais, resultando na **síndrome de Cushing**.
– **Adenomas produtores de TSH** (hormônio estimulante da tireoide): Causam **hipertireoidismo** secundário.
– **Tumores Não-funcionantes**: Não produzem hormônios em excesso, mas podem causar sintomas devido ao seu crescimento e compressão de estruturas próximas, como cefaleia, perda de visão ou hipopituitarismo (deficiência hormonal).
### Sintomas dos Tumores de Hipófise
Os sintomas variam de acordo com o tipo do tumor (funcionante ou não-funcionante) e o seu tamanho.
1. **Sintomas de Tumores Funcionantes**:
– **Prolactinoma**:
– Nas mulheres: Amenorreia, galactorreia (produção de leite), infertilidade.
– Nos homens: Diminuição da libido, disfunção erétil, ginecomastia.
– **Adenomas produtores de GH**:
– Acromegalia: Crescimento exagerado das extremidades (mãos, pés, mandíbula), espessamento da pele, alterações faciais.
– Gigantismo: Crescimento excessivo em crianças e adolescentes, antes do fechamento das epífises ósseas.
– **Adenomas produtores de ACTH**:
– Síndrome de Cushing: Ganho de peso central, face em lua cheia, hipertensão, estrias violáceas, fraqueza muscular, osteoporose, entre outros.
– **Adenomas produtores de TSH**:
– Sintomas de hipertireoidismo, como perda de peso, nervosismo, palpitações, sudorese excessiva, tremores.
2. **Sintomas de Tumores Não-funcionantes e Compressivos**:
– **Cefaleia**: Devido à pressão exercida pelo tumor.
– **Distúrbios visuais**: Os tumores de hipófise podem comprimir o quiasma óptico, levando a perda do campo visual (geralmente **hemianopsia bitemporal**, em que a visão periférica é afetada).
– **Hipopituitarismo**: A compressão da glândula pode levar à diminuição da produção de hormônios hipofisários, causando sintomas como fadiga, hipotensão, redução da libido, infertilidade, entre outros.
### Diagnóstico
O diagnóstico dos tumores de hipófise envolve uma combinação de exames clínicos, laboratoriais e de imagem.
1. **Exames Laboratoriais**:
– Testes hormonais para avaliar a função da hipófise e dos órgãos endócrinos periféricos, incluindo níveis de prolactina, GH, IGF-1, ACTH, cortisol, TSH, T4 livre, FSH, LH, e testosterona ou estrogênios.
2. **Exames de Imagem**:
– **Ressonância Magnética (RM)**: É o exame de escolha para a detecção e caracterização dos tumores de hipófise. Permite visualizar o tamanho, extensão e relação do tumor com estruturas adjacentes, como o quiasma óptico.
3. **Campo Visual**:
– Teste essencial para detectar alterações visuais, especialmente em tumores grandes que comprimem o quiasma óptico.
### Tratamento
O tratamento dos tumores de hipófise depende do tipo (funcionante ou não-funcionante), do tamanho e da presença de sintomas. As principais opções incluem:
1. **Tratamento Medicamentoso**:
– **Prolactinomas**: Tratamento de primeira linha é com **agonistas dopaminérgicos** (ex.: cabergolina, bromocriptina), que suprimem a produção de prolactina e reduzem o tamanho do tumor.
– **Adenomas produtores de GH**: Análogos da somatostatina (ex.: octreotida) ou antagonistas do receptor de GH podem ser utilizados para controlar os níveis hormonais.
– **Adenomas produtores de ACTH**: A síndrome de Cushing pode ser tratada com medicamentos que inibem a produção de cortisol (ex.: cetoconazol, metirapona), embora a cirurgia seja frequentemente necessária.
2. **Cirurgia**:
– A **ressecção transesfenoidal** é a abordagem cirúrgica mais comum para a remoção de tumores de hipófise, realizada através do nariz ou da cavidade nasal. A cirurgia é indicada principalmente para tumores grandes (macroadenomas) que causam sintomas compressivos ou para tumores que não respondem ao tratamento medicamentoso.
– Em alguns casos, a cirurgia pode ser curativa, especialmente em tumores funcionantes pequenos.
3. **Radioterapia**:
– A radioterapia pode ser usada como tratamento complementar após a cirurgia ou para tumores que não podem ser totalmente removidos. A **radiocirurgia estereotática** (ex.: Gamma Knife) é uma opção para tumores localizados.
4. **Terapia Hormonal de Reposição**:
– Em casos de hipopituitarismo, é necessário realizar reposição hormonal para os hormônios deficientes, como corticoides, hormônios tireoidianos, hormônios sexuais e GH.
### Prognóstico
A maioria dos tumores de hipófise é **benigna**, e muitos podem ser controlados com tratamento adequado. No entanto, tumores maiores ou tumores funcionantes agressivos podem exigir tratamento contínuo. O prognóstico depende do tipo de tumor, do sucesso da cirurgia ou tratamento medicamentoso, e da presença de complicações associadas, como deficiência hormonal ou comprometimento visual.
Os avanços nas técnicas cirúrgicas e nas terapias médicas melhoraram significativamente os desfechos para a maioria dos pacientes com tumores de hipófise.
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